Moinhos da Portela de Vale de Espinho (Serra D'Aires e Candeeiros)

A Portela do Vale de Espinho é uma pequena aldeia situada na Serra de Aires e Candeeiros entre Alqueidão do Arrimal e o Vale da Portela.

Na entrada da aldeia há uma paragem de autocarro que serve os habitantes, construída em pedra calcária, junto à qual existiu uma lagoa, hoje seca. A população da freguesia submeteu uma proposta ao orçamento participativo do concelho de Porto Mós para que este local seja requalificado convertendo a antiga lagoa numa piscina biológica, a qual fica com vista soberba sobre a serra. Espero que se venha a concretizar.

A Portela de Vale de Espinho insere-se numa zona de pouca densidade populacional. Meia dúzia de casas dão sinal da humanidade que vai aparecendo com o nascer do sol para libertar as ovelhas dos currais para os pastos. Neste momento algumas habitações encontram-se recuperadas por reformados estrangeiros fascinados com a deslumbrante paisagem. Pena que essa recuperação não se tenha feito à custa da utilização da pedra tal como a paragem da camioneta.

O trilho inicia-se mesmo junto a um dos moinhos que se encontra devidamente sinalizado. O acesso aos restantes faz por serra acima entre pedras e mata mas sem problemas de maior apenas requerendo algum folgo e preparação física. Os quatro moinhos situam-se em níveis diferentes o que dá uma bela imagem de conjunto. Conforme se vai subindo as vistas vão-se alongando na profundidade.

Chegando ao alto, após o último moinho, o caminho continua ao longo de mais ou menos 4 km sempre pelo topo do monte que separa de um lado o Vale da Bezerra e do outro o Vale da Mendiga, tendo por fundo a vila de Porto Mós. Todas as palavras são poucas para descrever a imensidão da serra.

Chegando ao Moinho do Picoto, as vistas alargam-se ainda mais. Facilmente percebemos a razão da localização destes moinhos e sua posição estratégica entre os vales, mas o que impressiona são os caminhos que as mulas percorriam para lá chegar, sofridos através de um declive acentuado em carreiro de pedra solta. Tempos difíceis aqueles. Aqui, fiquei com vontade de descer seguindo em frente direito a Serro Ventoso mas preferi continuar seguindo o trilho que me levou até ali e desci pela esquerda. Não sem antes me sentar numa das enormes mós e aproveitar para fechar os olhos e respirar profundamente. 

De regresso o caminho fez-se em terreno aberto, recentemente limpo de mato, e paralelo à estrada de alcatrão, mas já sob a luz dum sol que, por ir alto, descobria zonas de musgo compacto.

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