À Serra D'Aires e Candeeiros, nem sempre lembrada com o devido valor, gostamos de lá voltar quando dos ares saudamos . Aqui tão perto, a serra foi-se adaptando ao Homem embora nem sempre a seu favor.
É impossível imaginá-la sem gado à solta a percorrer caminhos marcados pelos choussos e decorados com oliveiras plantadas ao longo de séculos. Uma terra dominada pela irregularidade da macia pedra calcária que consiste ao relevo caracteristicas únicas onde o Homem à força de polvora vai deixando feridas na paisagem protegida.
O Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros faz parte do Maciço Calcário Estremenho e do sistema Montejunto-Estrela. Todo o parque é retalhado por diversos percursos pedestres. Desta vez fizemos a Rota dos Moinhos da Mendiga com inicio na Igreja Matriz.
Por caminhos de mato rasteiro, foi o tomilho que se impregnou. Os campos de lapiás e a pedra solta obrigaram a um esforço suplementar até chegarmos aos moribundos moinhos da Mendiga que guardam diálogos antigos de uma historia de esforço numa serra difícil. Construções de apoio, eiras e cisternas para aproveitamento das águas pluviais são ainda testemunhos do engenho e da necessidade nesta serra onde não há rios. Nem lagoas à espera de afluentes. A água infiltra-se pelas fendas cársicas criando uma rede extensa de grutas subterrâneas que aqui e ali respiram pelos algares e grutas de lapa de que com cuidado nos aproximamos.
Não há vento cá em cima. Daqui deste mundo de silêncio têm-se uma visão ampla sobre o soberbo vale de Mendiga.
Ao longo dos séculos o tempo também foi modelando a paisagem deixando formas geológicas insólitas ao longo da descida para Cabeça Veada onde o pó branco da moleanos impregna os telhados.
Até à Igreja Matriz de Mendiva o caminho fez-se em pleno planalto entre chousos que guardam oliveiras e dividem terrenos.
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