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Passadiços do Orvalho

 

Visita efectuada em 15/08/2020

A aldeia do Orvalho situa-se em plena Beira Baixa, no concelho de Oleiros, cuja freguesia delimita geograficamente os concelhos de Castelo Branco, Fundão e Pampilhosa da Serra.

A freguesia do Orvalho insere-se no Geopark Naturtejo da Meseta Meridional, património da UNESCO, território que combina a protecção e a promoção do património geológico com o desenvolvimento local sustentável.

Em 2017 todo o Vale das Fragosas esteve cercada pelas chamas, vestígios que ainda hoje se notam mas que, felizmente, o verde já esconde.

Os novos Passadiços do Orvalho fazem parte do Percurso Pedestre PR3 OLR – GeoRota do Orvalho e foram construídos como monumento dinamizador desta região mostrando todo o esplendor morfológico da Serra do Muradal permitindo que as pessoas consigam chegar a locais impossíveis de alcançar e extasiarem-se com as vistas magníficas.

O percurso oficial é de mão única, com cerca de 9 km, mas há uma alternativa circular somando mais 2,5 km.

Nós optámos pela circular, partindo junto à Igreja Matriz do Orvalho seguindo a Estrada das Beiras (N112) como quem vem do Fundão e segue para a Sertã, até ao ponto em que cruzamos os passadiços (cerca de 1,5 Km) ficando com uma visão panorâmica destes à nossa direita e esquerda. 

Aqui optámos por fazer a subida da escadaria que se aprontava à nossa direita. 



A inclinação bastante acentuada não permitiu fazer a contagem dos degraus por forma a que o fôlego não se perde-se. A subida lenta ia sendo compensada pela soberba paisagem que servia de desculpa para descansar e encher o peito de ar.




No topo da escadaria e visível na sua saliência um pequeno miradouro permite uma visão de 360º a perder de vista com a Serra da Estrela e a da Gardunha ao longe


Daqui continuámos o caminho com vista a chegar ao Miradouro do Cabeço do Mosqueiro localizado a 600 metros de altitude. Aqui as vistas são ainda mais espectaculares podendo observar-se todo o vale circundante. Este local, bastante agradável, para além de magnificas paisagens tem um espaço para se merendar com um grelhador comunitário. Este miradouro tem acesso de carro.







Chegados aqui o trilho obriga a voltar atrás retornando a Orvalho pela estrada de alcatrão. Nós aproveitámos para rever toda a panorâmica, descendo agora toda aquela escadaria, fixar novos ângulos para fotografar e retornar à N112.

Atravessada a N112 continuámos a descer os passadiços até à Ribeira do Orvalho que nesta altura do ano pouca água levava. Aqui chegados, atravessámos a ponte e iniciámos novamente um troço do passadiço exigente na sua subida mas que nos permite uma visão geral do troço inicial.








O caminho até à Lagoa das Lontras é feito em estradão e deixa para trás toda a dimensão agreste dos maciços rochosos da Serra do Muradal e nos desperta a curiosidade a partir do momento que começamos a ouvir a água a correr.



O troço entre a Lagoa das Lontras e a Cascata da Fraga de Água D'Alta, faz-se pelo Vale das Fragosas e apresenta-se numa dimensão mais frondosa com pequenos troços de passadiço que nos transportam para ambos os lados da Ribeira da Água D'Alta.


Foto de Pedro Silva e Maria Céu




A Cascata da Fraga da Água D'Alta tem 25 metros de desnível tornando-a na maior da Beira Baixa sendo acessível a quem se encontra no alto do Miradouro da Cabeça Murada por outra enorme escadaria. Nós que lhe acedemos por baixo tivemos que apelar ao esforço para se entusiasmar com a promessa, cumprida, de uma cerveja fresquinha lá no cimo. 

Foto de Pedro Silva e Maria Céu



O regresso à Aldeia do Orvalho foi feito em batota já que saímos da PR3 para entrar na GR8 poupando assim algum terreno e tempo o que permitiu fazer uma pequena visita à aldeia e conhecer a sua Torre Sineira.

Foto de Pedro Silva e Maria Céu




A extensa escadaria e os desníveis acentuados dificultam a visita a quem tem filhos pequenos. 
A construção de passadiços têm sido uma forma das autarquias captarem visitantes, assumindo alguns apenas uma função recreativa intervindo negativamente no meio ambiente. Não é o caso dos Passadiços do Orvalho que são um bom exemplo de integração no território. 







   

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