A volta à península de Peniche é sempre um passeio de que nunca me canso. Seja pelas marés, pela passagem das diferentes embarcações, seja pelos ventos que me levam as palavras. O horizonte parece, de todas as vezes, diferente. Desta aportei ao porto de pesca. Foi a primeira vez que lá entrei para ver os barcos. Antes tinha lá ido apenas uma outra única vez mas em trabalho. A expectativa não era sobre cheiros ou movimentos atarefados, a hora tardia a isso não o fazia esperar. Tal como aqueles que passaram a noite ao largo, os barcos adormecidos recuperavam para retomarem no dia seguinte a rotina à muito alinhada. Hoje Peniche deverá ser mais conhecida pelo circuito mundial de surf do que pela frota pesqueira. Indiferentes a isso, as redes continuam a ser remendadas. «….estás a por em risco a tua família, tens de pensar na tua mulher e nos teus filhos…..» ouvi de passagem. Raramente me lembro dos pescadores. No momento incomodei-me com isso mas a plenitude do lugar escondeu-me a difícil...
Se em algum dia conseguir expressar o que sinto nestes lugares posso morrer sem medos. Tento-o sempre baixinho não vá a morte resgatar-me à felicidade